A imponente Fortaleza de Sagres é o prolongamento humano do rochedo natural e foi durante séculos a principal praça de guerra de um sistema defensivo marítimo geoestratégico.
Em 1443, a política da expansão portuguesa nos séculos XV e XVI levou o Infante D. Henrique a obter autorização junto do seu irmão, o regente D. Pedro, para a criação da Vila do Infante no promontório de Sagres. Aqui viverá o Infante os seus últimos dias. Dessa Vila datam várias cartas e o seu derradeiro testamento. Aí morrerá, em 1460. No entanto, a enorme erosão do lugar e o curso da História poucos restos deixaram dessa povoação: vestígios de uma muralha em dente de serra, uma torre-cisterna, os alicerces de um muro de para-vento (hoje muito restaurado e coroado de falsas ameias), a chamada “rosa dos ventos”, uma enigmática construção posta a descoberto, casualmente, em 1921. E o conjunto, supostamente autêntico, da chamada Correnteza, integrada no atual módulo de exposições.
Tudo o mais não vai além do século XVI: a Igreja de Nossa Senhora da Graça, edifício cujas reconstruções incluem a porta, ali tardiamente aplicada; a muralha abaluartada, remodelada em finais do século XVIII; a antiga casa do governador da praça; e um curioso edifício, reconstruído no local onde alguns sugerem, sem fundamento, que poderia ter estado a casa do Infante D. Henrique.
Mas é a carga mítica do lugar que apela ao lado mais obscuro e irracional da nossa memória coletiva. Comprovam-no as polémicas em torno da intervenção arquitetónica de João Carreira na década de 1990, que procurou transformar a parcela construída em centro útil do grande monumento que é todo o promontório, com respeito pelo lugar mas sem subserviências de estilo ou poses historicistas. Na Correnteza (parcialmente destruída no final dos anos 50), e mantendo a ideia de praça entre os edifícios e a muralha, dispôs-se um centro de exposições e serviços de apoio aos visitantes, de modo a tornar mais útil a estada neste lugar de memória.
Informações e fotografia: www.museusemonumentos.pt
Comentários